O CICLO DE CONFERÊNCIAS

O Ciclo de Conferências1

Março de 1945

Os três meses de março, abril e maio deste ano, marcam no tempo um momento de maior significação em nossa história planetária. Refiro-me à Lua Cheia da Páscoa, celebrada em 28 de março, a Lua Cheia de Wesak, que este ano cai em 27 de abril, e a Lua Cheia de Junho – a “Excepcional Oportunidade” de Cristo, como foi denominada – que tem lugar em 26 de maio. Do ponto de vista tanto da Hierarquia como da Huma­nidade, os acontecimentos de importância espiritual e mundana, ocorridos ao longo destas semanas (enfocados por meio destes três festivais das Luas cheias de Áries, Touro e Gêmeos), serão de enorme efeito. O que os Membros da Hierarquia espiritual do nosso planeta (cujo poder hierárquico, não o amor, enfrenta uma prova importante) realizarem durante este tempo, e o que fizerem os discípulos que hoje atuam no mundo e também o Novo Grupo de Servidores do Mundo, pode determinar e determinará o destino do homem durante os séculos vindouros. Mesmo aqueles que não têm nenhum conhecimento das questões ocultistas nem do destino humano, ou da real faculdade do livre arbítrio humano (entendido esotericamente) esperam ansiosamente ver o que acontecerá e para que meta ou metas serão dirigidos o pensamento e o planejamento humanos.

As massas humanas de todas as partes só desejam tranquili­dade. Não emprego a palavra “paz”, porque tem um significado equívoco. Os homens e mulheres reflexivos de todos os países, se determinaram a dar, se for possível, com intenção em massa, os passos que assegurarão a paz na Terra, mediante a expressão da boa vontade. Observem esta fraseologia. Todos os discí­pulos ativos do mundo lutam com os meios disponíveis para difundir o evangelho do sacrifício, porque só sacrificando o egoísmo a estabilidade mundial pode ser fundamentada sem perigo. Estas palavras resumem o chamado que se faz àqueles cuja res­ponsabilidade é determinar a política (nacional ou internacional) e dar os passos que estabelecerão corretas relações humanas. A Hierarquia permanece, não vigiando nem esperando, mas atuando hoje com a sabedoria impulsionadora e a intenção fixa, a fim de forta­lecer as mãos dos Seus trabalhadores em todos os campos da atividade humana (político, educacional e religioso) para que possam empreender a correta ação e influir devidamente o pen­samento humano.

Uma poderosa atividade de primeiro raio – a atividade de vontade ou propósito – está entrando em ação. Cristo, como Guia das Forças da Luz, concedeu poder aos Ashrams dos Mestres que pertencem a este primeiro Raio de Poder, a fim de fortalecer as mãos de todos os discípulos nos campos governamental e político de cada nação; iluminar, se for possível, os diferentes legisladores nacionais, qualquer seja o meio necessário, para que o poder da sua palavra, a sabedoria do seu planejamento e a amplitude do seu pensamento, sejam tão efetivos que o “Ciclo de Conferências e de Reuniões”, que os estadistas do mundo agora iniciam, possa estar sob a guia direta (também se for possível) d’Aqueles que na Câmara do Concílio de Shamballa conhecem qual é a vontade de Deus. O egoísmo das pequenas mentes nas diferentes legislaturas do mundo deve ser anulado de alguma maneira. É este o problema. Pergunto-me se estão aptos a captar o significado deste acontecimento? Ao longo das eras, os estadistas e os governantes individuais responderam de vez em quando à influência deste supremo Concílio espiritual; mas foi a resposta do discí­pulo individual que trabalhou só e sem ajuda, e enfrentou (ou experimentou) a derrota com tanta frequência, para não dizer na maioria das vezes, que vivenciou a vitória. No planejamento que está acontecendo agora em conexão com as distintas conferências e reuniões internacionais que já se conhecem, o esforço espiritual (pela primeira vez na história humana) é pôr a todos eles, como grupos ativos, sob o impacto direto da energia que motiva e atua nesse lugar onde a Vontade de Deus é conhecida e os propósitos da divindade são definidos e projetados. Isto significa que cada uma das futuras conferências mundiais (e haverá muitas) terá um efeito maior e mais extenso do que de qualquer outra maneira; contudo, significa que os riscos envolvidos e o choque das mentes será também muito maior. Este ponto deve ser mantido em mente ao estudar e ler os relatórios das diversas conferências.

Não se esqueçam de que a energia divina deve fazer impacto nas mentes humanas, mentes que em seu efeito conjunto são o único instrumento disponível por intermédio do qual a Vontade de Deus pode se expressar; respondem necessariamente aos resul­tados estimulantes e energizantes deste impacto, e isto evocará resultados adequados ao tipo de mente afetada. A resposta será compatível com a qualidade e a intenção dessas mentes. Onde a boa vontade estiver presente, e onde houver uma intenção altruísta e um largo ponto de vista, estas qualidades serão fortalecidas e dotadas de poder; onde imperar o egoísmo, onde o isolacionismo e a separatividade estiverem presentes e onde houver intenção de alcançar fins individuais e nacionais em vez dos propósitos internacionais que beneficiarão a toda a humanidade, as qualidades adquirirão também maior fortaleza.

As conferências importantes, mas preliminares, já tiveram lugar, inaugurando assim este novo ciclo de funcionamento gru­pal. A Liga das Nações foi um esforço fracassado, bem inten­cionado, mas relativamente inútil, como os even­tos posteriores demonstraram. Uma destas conferências iniciais foi realizada em Yalta. Ali, três homens, constituindo um triângulo básico, se reuniram com boa vontade para todos e se esforçaram por assentar a base para os futuros acontecimentos mundiais.

Todos os verdadeiros movimentos que condicionam longos ciclos nos assuntos mundiais têm no centro um triângulo, pelo qual pode afluir a energia e se realizar certos pro­pósitos definidos. Pouco se compreende ainda a respeito da natureza da tarefa que se deve realizar ou do tipo característico dos homens que trabalham nos grupos e Ashrams de primeiro raio e em cujas mãos repousa, em qualquer momento dado, o destino político do homem. Todo o tema do discipulado foi distorcido pelas definições teológicas, baseadas na doçura do caráter que com frequência atua singularmente a favor da ineficácia. O longo ciclo de governo eclesiástico gerou uma inclinação partidarista ao pensamento humano, de maneira que a índole da fortaleza e efetividade espiritual é interpretada em termos de religião, na terminologia eclesiástica (não digo do cristianismo), ou na fraseologia de um marcado pacifismo ou um controle dominante, religioso, temporal. O longo regime das diferentes igrejas chegou ao fim. Isto deve ser captado. Realizaram seu trabalho – nas primeiras etapas foi muito bom, nas etapas intermediárias necessariamente de consolidação e, na etapa moderna, um trabalho cristalizador e reacionário’. O governo das igrejas passou, mas não os preceitos do cristianismo ou o exemplo de Cristo. Contudo, Ele é responsável por uma apresentação mais nova e efetiva da religião mundial vindoura, e as igrejas deveriam se preparar para isso se têm suficiente iluminação para reconhecer esta necessidade, e Seu esforço para atender a esta necessidade.

Hoje é preciso alcançar um equilíbrio e este terá lugar por intermédio de uma condução estatal iluminada e uma atividade política, que estará cada vez mais baseada no bem de toda a humanidade e não no beneficio de qualquer nação em particular.

Este equilíbrio não se expressará em termos religiosos nem na assim chamada terminologia espiritual. Ele se expressará mediante o trabalho grupal, as conferências, a união de nações, os partidos orga­nizados e a legislação. Tudo isto será resultado de uma intensa atividade dos Mestres e dos seus discípulos de primeiro Raio de Vontade ou Poder. A finalidade deste trabalho será expressar a vontade-para-o-bem, pois vem ao mundo com maior amplitude. Talvez para o não iniciado pareça que atuam isolados e que as decisões que proclamam ao mundo são demasiado severas, provocando a irritabilidade dos indivíduos de mente cerrada e daqueles que interpretam a liberdade em termos do seu escuro ponto de vista individual. No entanto, trabalham sob a direção espiritual como qualquer guia religioso e isto será amplamente reconhecido. A história justificará suas ações, porque terão dado uma orientação aos assuntos mundiais e ao pensamento humano, cujo resultado será uma percepção mais clara da necessidade. Sua atuação evocará o debate muitas vezes o desacordo, como aconteceu com as decisões do triângulo dos trabalhadores de Yalta. Mas, devido ao seu modo de ser não se ressentem por isso; sabem que o debate evocado e as críticas surgidas revelarão a pequenez e os instin­tos separatistas inerentes em seus opositores e – ao mesmo tempo – trará a união daqueles que veem por trás da atividade inicial aparentemente ousada, um esforço para precipitar com clareza os problemas que a humanidade enfrenta. A humanidade poderá assim ser levada à compreensão. Foram estas coisas que o triângulo em Yalta procurou realizar. Talvez não tenham reconhecido conscientemente como um trabalho que lhes foi solicitado a fazer, devido à etapa alcançada no discipulado, mas atuaram automaticamente deste modo porque perceberam corretamente a necessidade humana. Estavam e estão travados por sua própria humanidade, que os predispõe a cometer erros, mas se veem muito mais dificultados pelo egoísmo humano, pela cobiça nacional e pelo nível geral da realização humana, considerando-se a humanidade como um todo.

Tendo esclarecido as questões tais como eles as veem, e tendo evocado o entusiasmo dos homens de boa vontade do mundo e a crítica violenta daqueles que pensam em termos de partidarismo, nacionalismo e preconceitos, o experimento da conferência na cidade do México foi empreendido com êxito. Compreendeu-se que os estadistas podiam contar com que havia certa medida de unidade hemisférica e assim assentar os fundamentos para a muito mais difícil conferência internacional em San Francisco, no momento de Wesak, a Lua cheia do Buda. Não por acaso esta conferência se celebra durante os cinco dias da Lua cheia de Wesak. Será um momento de suprema dificuldade, onde as Forças da Luz enfrentarão o que denomino “as forças do egoísmo e da separatividade”.

Falando subjetivamente, a conferência estará sob a in­fluência direta da Hierarquia. O consequente estímulo, tanto dos aspectos egoístas como dos altruístas, evocará uma tre­menda potência emocional e mental. Portanto, é essencial que todos os aspirantes e discípulos ponham o peso do seu desenvolvimento espiritual e a luz da sua alma do lado das Forças que procuram fazer planos para o bem da humanidade e que consideram o bem-estar da totalidade de muito maior importância que qualquer situação ou exigência nacional.

Lembrem-se de que as Forças do Mal continuam poderosas, em especial no plano físico e podem atuar por meio de muitos canais. A Alemanha está derrotada, mas continua sendo capaz de um esforço final de destruição e violência. O Japão está a caminho de ser derrotado, mas ainda é poderoso. A Hierarquia do mal, no aspecto interno, está sendo afastada pelas Forças da Luz, mas não afrouxou seu aferramento à humanidade. Por meio da ignorância, estas forças podem alcançar ainda muito poder – a ignorância da própria humanidade. As nações e os povos continuam ignorando a verdadeira natureza dos demais; o mundo está cheio de desconfianças e suspeitas. A humanidade, como um todo, pouco sabe sobre a Rússia, por exemplo. A verdadeira significação da sua ideologia é incompreendida devido aos erros iniciais daqueles que dirigiram a revolução; a libertinagem dos homens sem lei deu à humanidade observadora, nos primeiros dias, uma visão errada do que estava acontecendo. Mas estes dias terminaram. Nos fogos do sofrimento e por meio de uma compreensão aprofundada, esta nação enormemente complexa avançará para uma demonstração da fraternidade, de que poderá dar exemplo a todo o mundo. A China necessita de alfabetização universal; seus cidadãos não conhecem nada das outras nações; em uma volta superior da espiral, esta supremacia educacional que caracterizou uma oligarquia do saber, nos dias da antiga glória de China, caracterizará novamente as massas do seu povo. O grande continente europeu e os povos britânicos ignoram ainda o significado real do hemisfério ocidental e dos Estados Unidos – com sua exuberante juventude. Consideram-nos irritantes, como a sua profunda maturidade e ampla experiência demonstram ser irritantes para os americanos. Os americanos, tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul, ignoram basicamente a história das nações das quais se originaram, porque enfatizaram a sua história relativamente curta e foram educados sobre um quadro parcial e muitas vezes preconceituoso com relação à cultura europeia e aos objetivos britânicos. Esta ignorância difundida em todo o mundo faz o jogo das Forças do Mal e – vencidas como estão no plano físico – lutarão mais violentamente contra a boa vontade mundial nos planos da decisão emocional, e contra estas ideologias que beneficiam a toda a humanidade nos níveis mentais.

A causa de que os métodos do plano físico deram como único resultado a total devastação da Europa e que as vítimas (incluindo os civis, homens, mulheres e crianças), alcançam incontáveis milhões, as forças do mal procurarão utilizar agora o temperamento humano (em sua etapa atual de desenvol­vimento) para obstar as Forças da Luz, impedir que haja tranquilidade e compreensão no mundo e retardar o dia da sua própria derrota final. Nesta derrota deverá se incluir a dos três mundos – mental, emocional e físico – da evolução humana. Durante um longo tempo estas forças do mal empregaram a psicologia, a fim de alcançar os fins que tinham em vista, e o fizeram com assombrosos resultados, ainda a utilizam e seguramente aplicarão ao máximo os seus métodos. Valem-se da imprensa e do rádio para distorcer o pensamento humano; apresentam ver­dades parciais, imputam motivações falsas, reacendem antigas ofensas, predizem (com maus presságios) dificuldades iminentes, fo­mentam antigos preconceitos e ódios e acentuam as diferenças reli­giosas e nacionais. Apesar de tanto clamor, exigências e demanda de organização, em nenhuma parte há plena liberdade de imprensa, em especial nos Estados Unidos, onde os partidos e os editores ditam a política dos jornais. A principal razão pela qual não existe realmente imprensa livre baseia-se em dois fatores: primeiro, a humanidade ainda não se liberou de raciocínios predeterminados, da sua ignorância básica com relação à realidade histórica, ou às nações e sua psicologia; a humanidade está ainda controlada pelo partidarismo e os preconceitos raciais e nacionais. Segundo, nutre tudo isto mantendo vivas as forças do mal, atuando no aspecto interno dos assuntos humanos e ocupan­do-se principalmente do ângulo psicológico, porque é muito poderoso. E isto farão cada vez mais, à medida que se aproxima o fim desta guerra planetária; procurarão anular o trabalho da Hierarquia, dificultar as atividades do Novo Grupo de Ser­vidores do Mundo e obscurecer as questões envolvidas, a tal ponto, que os homens de boa vontade de todas as partes estarão desconcertados e não verão os claros delineamentos da situação real, nem distinguirão entre o verdadeiro e o falso. Lembrem-se, as forças do mal são extremadamente hábeis.

Também é necessário lembrar que, tendo vencido a gue­rra contra a agressão e a barbárie no plano físico (e está ganha), a humanidade adquiriu agora o direito de levar o realizado a uma efetiva vitória psicológica e mental, e de fazê-lo unida e com a ajuda combinada dos homens e mulheres iluminados de todos os países – por isto a inauguração deste Ciclo de Conferências e Reuniões. Este ciclo será longo ou curto, de acordo com a liberação da vontade-para-o-bem do mundo espiritual, em resposta à intenção firme dos homens e mulheres de boa vontade de todas as partes.

À medida que o aspecto destruidor da Vontade de Deus se aproxima do cumprimento do propósito divino, a vontade-para-o-bem poderá surgir com clareza e dominar os assuntos humanos. Do grandioso mal planetário, demonstrado pela destrutiva guerra dos últimos anos (1914-1945), poderá vir um grande e permanente bem; a Hierarquia espiritual está preparada para evocar o bem latente que subjaz no trabalho de destruição reali­zado, mas isto só pode acontecer se a boa vontade da própria humanidade for empregada com adequado poder invocador. Se esta boa vontade encontrar uma via de expressão, duas coisas podem ocorrer: primeiro, podem ser liberados na Terra certos poderes e forças que ajudarão no esforço dos homens de obter corretas relações humanas, com seu efeito resultante – paz; segundo, as forças do mal serão tão contundentemente derrotadas que jamais poderão voltar a infligir tal destruição universal à Terra.

Há alguns anos disse que a guerra que pode vir depois desta seria travada no campo das religiões do mundo. No entanto, uma guerra assim não se produzirá em um período simi­lar de extremo massacre e sangue; será travada sobretudo com as armas mentais e no mundo do pensamento; envolverá também o aspecto emocional, do ponto de vista do fana­tismo idealista. Este fanatismo inerente (que se encontra sempre nos grupos reacionários) lutará contra o aparecimento da futura religião mundial e a difusão do esoterismo. Para esta luta se preparam certas igrejas bem organizadas, por meio de seus elementos conservadores (seus elementos mais pode­rosos). Aqueles que são sensíveis aos novos impactos espirituais estão ainda longe de ser poderosos; o novo enfrenta sempre a suprema dificuldade de substituir e de se sobrepor ao velho e estabelecido. O fanatismo, as posições teológicas entrincheiradas e o egoísmo materialista estão ativamente organizados nas igrejas de todos os continentes e de todas as denominações. É de esperar que defendam a sua ordem eclesiástica estabelecida, seus ganhos materiais e seu governo temporal, e estão iniciando os preparativos necessários.

A futura luta surgirá dentro das próprias igrejas; será precipitada também pelos elementos iluminados que existem hoje em bom número, aumentando rapidamente a sua fortaleza pelo impacto da necessidade humana. Em seguida se estenderá aos homens e mulheres reflexivos de todas as partes, os quais – em rebelde protesto – rejeitaram o clericalismo e a teologia ortodoxa. Não são ímpios mas, pela dor e aflição, aprenderam (sem a ajuda eclesiástica) que os valores espirituais são os únicos que podem salvar a humanidade; que a Hierarquia permanece e que o Cristo – como símbolo da paz e Guia das Forças da Luz – não é uma força insignificante, está evo­cando respostas nos corações dos homens de todas as partes. A verdadeira religião chegará a ser interpretada em termos de vontade-para-o-bem e sua expressão prática, a boa vontade. As conferências mundiais e os conselhos internacionais futuros indicarão a fortaleza desta nova resposta espiritual (por parte da humanidade) às Potestades espirituais influentes que esperam o chamado invocador do gênero humano. Quando este clamor se elevar, energias divinas se precipitarão no nível do pen­samento e planejamento humanos. Os homens descobrirão então que foram dotados de uma renovada fortaleza e da necessária percepção interna que lhes permitirá expulsar as forças materialistas entrincheiradas e o poder dos interesses egoís­tas, unidos para impedir a liberação humana. Se as conferências a realizar no futuro imediato demonstrarem que a humanidade está realmente se esforçando para estabelecer corretas relações humanas, então as forças do mal podem ser rejeitadas, e as Forças da Luz tomarão o controle.

O problema que enfrenta a Hierarquia é como levar adiante estes desejáveis fins, sem infringir a liberdade humana de ação e de pensamento. O grande Concílio do reino espiritual, o reino de Deus, se ocupa atualmente do problema e proporcio­nará o tema deste debate e decisão final até meados de junho. Quando o sol começar a se deslocar novamente para o sul, este haverá tomado Suas decisões com base na demanda humana. Para então, a humanidade haverá demonstrado a for­taleza e a natureza de sua boa vontade, emitindo a “palavra invocadora”, elevando-se até o reino espiritual como uma exalação da própria alma da humanidade; a qual haverá expressado em alguma medida sua disposição de se sacrificar, a fim de estabilizar o viver humano e liberar o mundo da separatividade e dos abusos que culminaram nesta guerra, e pelo menos haverá preparado o caminho para o anteprojeto e o planejamento que o Ciclo de Conferências e Reuniões empreenderá. No que diz respeito à Hierarquia e em resposta à demanda humana (em grau e em tipo, de acordo com a qualidade da demanda), a Hierarquia desempenhará a sua parte e ajudará a tornar possível o que os homens sonham, visualizam e planejam hoje.

Consideremos por um minuto o que a Hierarquia está disposta a fazer e o que Seus membros planejarão e formularão durante o Festival de Páscoa neste mês, o Festival de Wesak em abril e o Festival do Cristo em fins de maio. Seria possível dizer que a Hierarquia, em conjunto com o grande Concílio da Vontade de Deus em Shamballa, dividirá Seu trabalho em três partes, regendo cada uma, três fases da futura restauração da humanidade para que entre em uma vida mais civilizada e culta, em uma volta da espiral nova e mais elevada. Tratarão do problema da liberdade espiritual tal como foi apresentado nas Quatro Liberdades e do problema das corretas relações humanas, tal como se expressará por meio das relações internacionais, os partidos nacionais e os assuntos humanos gerais. Não me cabe dizer o que a humanidade, por meio de seus estadistas e condutores, planejará realizar nas conferências futuras. Minha tarefa é mobilizar o Novo Grupo de Servidores do Mundo e os homens e mulheres de boa vontade, para que permaneçam como um grande “exército de implacável vontade espiritual” por trás dos que participam nestas conferências e reuniões, capacitando-os a pensar com clareza sobre os resul­tados envolvidos e assim (por meio deste claro pensar) afetar telepaticamente as mentes dos homens; envolve o emprego de um poder raramente utilizado até agora a favor do esforço correto, embora já bastante utilizado pelos guias materialistas das forças do mal.

A tarefa da Hierarquia consiste em descobrir e chegar aos homens e mulheres iluminados de todas as igrejas, os partidos políticos, as organizações sociais, econômicas e educacionais, pa­ra que seu propósito unido seja claro. Isto se fará por intermédio dos discípulos ativos que trabalham no mundo. Assim se facilitará o caminho para a verdadeira liberdade da humanidade, liberdade que é ainda um sonho e uma esperança, até nos países mais democráticos.

Mas, por trás de toda esta atividade, vigiada pelos Guias espirituais da raça, mas determinada e implementada pela própria humanidade, estará a atenção enfocada da Hierarquia. Esta tensão espiritual que existe entre Seus Membros, é mais poderosa do que qualquer um de vocês possa supor. Uma parte do Seu trabalho preparatório consiste em pôr à disposição certas forças e poderes espirituais que – embora complementares ou suplementares ao esforço autoiniciado da humanidade – farão que este esforço tenha êxito. O que a humanidade tem que fazer agora, e já está fazendo, até certo grau, é chegar a uma correta orientação a respeito dos assuntos humanos.

* * *

Convoco-os, portanto, a cada um de vocês, a um grande serviço de demanda e de invocação em nome da humanidade – uma demanda para a afluência de luz sobre as decisões dos homens. Espero que peçam e esperem a iluminação necessária para aqueles que têm que tomar a decisão em nome dos homens em todas as partes. A sua iluminação individual nada tem a ver com esta demanda. O que se requer é uma motivação altruísta, e deve estar por trás da sua demanda individual e grupal. Vocês estão pedindo iluminação e percepção iluminada para aqueles que devem guiar o destino de raças, nações e grupos mundiais. Sobre seus ombros está a responsabilidade de empreender a sábia ação, baseada na compreensão mundial, nos interesses da cooperação internacional e no estabelecimento de corretas relações humanas.

Gostaria de encerrar esta mensagem com algumas palavras que escrevi há muitos anos. Expressam a atitude e a orientação necessárias:

Peço-lhes que abandonem seus antagonismos e antipatias, seus ódios e suas diferenças raciais, e procurem pensar em termos da família una, da Vida una e da huma­nidade una.

[A Exteriorização da Hierarquia]

1 Extraído do livro “A Exteriorização da Hierarquia, página 370 e seguintes da edição em espanhol.

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